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Channel: Blog do Zulu
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ATÉ QUE ENFIM!

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Ao longo da história, o Estado do Rio Grande do Sul, tem protagonizado cenas das mais escabrosas nas suas relações raciais. Só para citar um exemplo, lembro o fato histórico ocorrido, na madrugada de 14 de novembro de 1844, em Porongos, hoje município de Pinheiro Machado (interior do Rio Grande do Sul) quando o General farrapo David Canabarro (considerado um dos heróis da Guerra Farroupilha) entregou sua tropa, após desarmá-la, denominada de “Lanceiros Negros”, aos inimigos, em acordo prévio firmado com Duque de Caxias, para não cumprir com o compromisso firmado com àqueles bravos guerreiros de lhes dar alforria ao final da guerra. O resultado dessa traição foi uma verdadeira carnificina realizada pelas tropas de Caxias, sendo que  aproximadamente 1.100 (mil e cem) Lanceiros Negros friamente assassinados e dezenas de mutilados. Após esta pseudo-batalha os sobreviventes foram presos e distribuídos por várias cidades gaúchas e muitos deles voltaram a ser escravizados, jogando por terra a vida e os sonhos de milhares de negros que combateram lealmente nas tropas farroupilhas. 

No último dia 28 de agosto do corrente ano, mais uma vez o Rio Grande do Sul, voltou à baila, num caso patético de racismo. Num jogo de futebol entre o Grêmio Foot–Ball Porto Alegrense e o Santos Futebol Clube, o goleiro santista, conhecido como Aranha foi insultado, xingado e chamado de macaco por uma das torcidas organizadas gremistas, fato que gerou uma reação indignada e inteligente do atleta, que chamou a atenção de todos, particularmente o árbitro da partida e a imprensa, o que permitiu que as câmeras de televisão registrassem as ofensas racistas e posteriormente servissem de prova no julgamento do Superior Tribunal de Justiça Desportiva.

Não podemos negar que foi surpreendente, embora ainda sujeito a recursos, o resultado do julgamento. Até porque estes fatos tem sido recorrentes no Rio Grande do Sul, como o ocorrido com o árbitro de futebol Márcio Gonçalves da Silva, em Bento Gonçalves, quando seu veículo foi danificado, ele também xingado com palavras racistas e uma banana colocada como saudação. Além disto, o próprio Grêmio era reincidente nesse tipo de caso, pois já havia sido  punidos com uma multa de R$ 80 mil reais, por conta de ofensas racistas de sua torcida ao zagueiro Paulão do Internacional, na última partida entre ambos. Desta vez, porém, o STJD agiu de maneira rigorosa e o Grêmio foi punido exemplarmente, sendo  excluído do restante da competição, denominada Copa do Brasil.

Além de louvar a decisão inédita e exemplar do STJD, é de chamar a atenção também, a punição que foi imposta ao trio de arbitragem, liderado pelo Sr. Wilson Pereira Sampaio, que relatou de forma cínica e fraudulenta, na Súmula do Jogo, que nada houve de anormal no transcorrer da partida. Esta omissão proposital do árbitro, que chegou a ameaçar de punição, durante o jogo, o goleiro Aranha, por tê-lo chamado a atenção das ofensas de que estava sendo vítima, é reveladora do grau de internalização do racismo em nossa sociedade. Para ele, aquele fato nada significava, a ponto de não merecer sequer uma citação no seu relatório, embora a própria FIFA, do qual ele faz parte, tenha feito uma intensa campanha durante a última Copa do Mundo, para combater exatamente, este tipo de crime. Esta é a famosa “democracia racial brasileira”.

Enfim, além de parabenizar o STJD, esperamos que a partir deste episódio, não só os clubes de futebol brasileiros adotem medidas rigorosas contra estas criminosas torcidas organizadas, como também realizem campanhas efetivas de combate a todo e qualquer tipo de discriminação, visto que o racismo é um crime de lesa humanidade e não pode nem deve ser tolerado por quem quer seja. Digo isto, pois todo mundo sabe, que estas torcidas organizadas são apoiadas e financiadas pelas diretorias dos seus respectivos clubes, podendo ser perfeitamente identificadas, controladas e responsabilizadas, não apenas pelos crimes racistas que tem cometido, mas por todos os demais atos de violência que tem caracterizado suas atuações.

Axé!

Toca a zabumba que a terra é nossa!


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